O Som das Águas
Cada pingo umedecendo a terra
Cada gota na face que caminha
Aquela aliada aos tufões e serra
Aqui lágrima no peito se aninha
*
Olhando a cachoeira vejo o som
O mesmo ritmo descendo, anistia
Vencendo a gravidade vem o tom
Fazendo melodia em eufonia
*
Chorando a chuva no meu telhado
A madrugada recolhe-se comigo
O pensamento viaja estremecido
Juntando o sonhar, do eu contigo
*
Nas ondas o gemido faz poesia
Bilhões de pingos em orquestra
Cantam, e eu absorta em harmonia
Entrego-me solidária nesta sestra
*
O rio nas enchentes toma espaço
Inunda feito mar, e o som final
Baila na correnteza e no mormaço
Qual música e serenata divinal
*
Entrego-me nesta hora matutina
O sonho despojado, o sono aflito
E no encontro da hora vespertina
O corpo confabula amor contrito
SoniaNogueira
Terceiro lugar no Vi Concurso Poesias sem Fronteira
Salvador Bahia, 20 de janeiro de 2011. Coordenador
Marcelo de Oliveira Souza