sábado, abril 16, 2022



*Fotografando o Silêncio

 

Mirei-te com a flecha do tormento

Vejo tua foto no olhar como vigília

Em cada flash, em cada momento,

Cala a palavra sem uma homília

Mirei-te com a flecha do tormento

 

No sigilo encontrei teu abrigo,

O mundo vai girando à revelia,

O grito do nascer como castigo

Mesmo que na vida sofra avaria.

No sigilo encontrei teu abrigo.

 

Habitas na noite da paz ambulante

Mãos que se unem, olhos videntes,

Sussurros de sonho irreverente

No silêncio dos focos das lentes

Habitas na noite da paz ambulante.

 

Fizeste moradia em meu coração,

Artes, em rabiscos mal traçados,

No porão catalogando emoção,

Entre perdidos, novos e achados,

Fizeste moradia em meu coração.

 

Nem sei do tempo és contratempo,

Ou da palavra uma musa carente,

Valho-me de ti silêncio passatempo,

Purificador de alma bivalente,

Mirei-te com a flecha do tormento.

  

Coletânea2º Jogos Florais do Século XXI