quinta-feira, novembro 29, 2012

*FECHO OS OLHOS




Fecho os Olhos

Fecho os olhos e moldo tua imagem
Cada pedaço pincelando o sonho
Sorriso que acolhe, e na aragem
Outro sorriso vai arguto e bisonho.

De tanto exercitar esta façanha
A imagem retrata com perfeição
Traços em nitidez sem artimanha
As linhas contornando boca e mão.

Rede, olhar sedento, no vento solto,
Pássaros trinando ao anoitecer,
Mar rugindo em volta silencioso.

Tudo confabula no tempo envolto,
Matreiro sonho vem o amanhecer
Até que o olhar acorde majestoso.

Sonia Nogueira

Do Livro Nas Entrelinhas, 200 sonetos

*NO NADA




No Nada

Quando percebi, estava ali, no mar
Olhando o luar, tímido, calado
Pasmei. Fiquei pequena a meditar
A grande obra divina, o inacabado.

Entrei no abismo, dádiva da mente
No rastro, nada eu vi, tudo obscuro
Janelas batiam vazio consistente
Senti no nada a soma do futuro.

Desperdiçado, quase que sofri
A lágrima cadente, o mal persiste
Regado pelo bem, ao mal que vi.

Quisera ter a força dos extremos
Pintar amor, que ao tempo não resiste
Nutrir do nada, o tudo que não vemos

Sonia Nogueira

No Portal CEN