*Cotidiano
Silêncio nas
madrugadas mudas,
só a voz do
vento bate a janela.
A chuva tímida
rabisca a lágrima,
lágrima triste que
a mim se anela.
Voo na imensidão
do pensamento
sem empecilho
adentro tua alma
vazia, eu vi no
olhar por telepatia
a melancolia,
sina que me acalma.
Está aí no
templo dos teus ventos
Regando a sintonia
no cotidiano,
seria só
ventura, mas os teus rebentos
ocultam as
tormentas, vem o minuano.
Vento que varre,
mas inda não limpa
a solidão que
teu suor imprime.
Quisera fazer de
ti à ressonância
das ondas
sonoras partícula sublime.
Filtrar em cada
emoção o teu pulsar
colando o ouvido
no teu peito,
decifrar horas e minutos do oculto
em cada pulsação
vivendo o deleito
dos dias, dos
segundos, dos encantos
que por aventura
tiveste na passagem
dos anos
peregrinos, dos desencantos
sem mim,
escondidos na bagagem.
Retorno à
madrugada dos silêncios,
o sonho sucumbiu
sem teu olhar.
Em cada
despertar no meu cotidiano
Esta angústia
louca em te ocultar...
Sonia Nogueira
Sonia Nogueira
3º lugar, Prêmio Buriti, São Paulo, 2012
Coordenadora, jornalista e escritora Rita Velosa
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