quarta-feira, julho 23, 2014

À MINHA MÃE


*À minha Mãe

Quando em ti penso, mãe, ausência,
Cada lembrança é saudade terna,
Coração fragilizado, a mente ativa,
Na lágrima retida força e reserva.

Na foto desbotada sina e tempo,
A alma desolada em são momento
Arquiva dor suave presa ao vento
Trazendo angústia e tormento.

Foram frios meus verões, mãe,
Faltou a mão para me aquecer,
Gesto protetor da supermãe,
O zelo do olhar no alvorecer.

O vento soava triste e lento,
Em murmúrio de consolação,
O sonho pernoitava no relento,
A vida viajava em turbilhão,

De buscas, de uma explicação,
Mas como entender a lei do alto
Que não pergunta ao coração.
Pode-se resistir tamanho assalto!

Assim é a vida na terra, que fornalha.
Uns choram pela mãe que agoniza,
Outras dão a vida na batalha,
Pobre mãe lança o filho à enxurrada.

Sobrevivi a chuvas e trovoadas,
Sentimentos voando em agonia
Nas noites frias sob as rajadas,
Nos relâmpagos, senti tua falta.

Sou órfã nas horas de saudade,
Nas horas de carência sou poesia,
Sou triste, nas horas de bondade,
Lembro-me da mãe que foi um dia.

A cada dia, mãe, a lembrança cresce.
E Deus nas alturas te louve em prece.

Sonia Nogueira

Medalha de Prata, junho 2014, RJ


sábado, julho 12, 2014

*QUANDO OS OLHOS SECAM



*Quando os Olhos Secam

É rio que não corre na vertente,
O dia descolore a poesia,
A alma já cansada em agonia,
Veleja sem ter rumo afluente.

As sombras murcham alongadas,
O corpo indolente quase nada,
Derrama languidez na madrugada,
Embalde fita olhares nas estradas.

A face perdida na distância
Perde o rosado da alegria,
Nem o vento varre a agonia,
Mas carrega da hora a vigilância.

As horas estacionam dolentes,
A vida corriqueira se multiplica,
A lágrima vazia só implica,
Em não perecer, lágrimas carentes.


Sonia Nogueira