*Fotografando o Silêncio
Mirei-te com a flecha do tormento
Vejo tua foto no olhar como vigília
Em cada flash, em cada momento,
Cala a palavra sem uma homília
Mirei-te com a flecha do tormento
No sigilo encontrei teu abrigo,
O mundo vai girando à revelia,
O grito do nascer como castigo
Mesmo que na vida sofra avaria.
No sigilo encontrei teu abrigo.
Habitas na noite da paz ambulante
Mãos que se unem, olhos videntes,
Sussurros de sonho irreverente
No silêncio dos focos das lentes
Habitas na noite da paz ambulante.
Fizeste moradia em meu coração,
Artes, em rabiscos mal traçados,
No porão catalogando emoção,
Entre perdidos, novos e achados,
Fizeste moradia em meu coração.
Nem sei do tempo és contratempo,
Ou da palavra uma musa carente,
Valho-me de ti silêncio passatempo,
Purificador de alma bivalente,
Mirei-te com a flecha do tormento.
Coletânea2º Jogos Florais do Século XXI
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